ATA DA VIGÉSIMA SESSÃO SOLENE DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 19.05.1988.

 

 

Aos dezenove dias do mês de maio do ano de mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Vigésima Sessão Solene da Sexta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadã Emérita a Sra. Lygia Pratini de Moraes, concedido através do Projeto de Resolução nº 22/88 (proc. nº 1630/88). Às dezessete horas e trinta e sete minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Frederico Barbosa, 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Dr. Marcus Vinícius de Moraes, ex-Ministro da Indústria e Comércio; Dr. João Antônio Dib, ex-Prefeito Municipal de Porto Alegre; Dr. Mário Ramos, Presidente do Diretório Metropolitano do PFL; Prof.ª Antonieta Baroni, Presidente da Aliança Francesa e Presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Cultural Brasileiro Norte-Americano; Sr.ª Lygia Pratini de Moraes, Homenageada; Dr. Adail Moraes, Esposo da Homenageada; Ver.ª Gladis Mantelli, 1ª Secretária da Casa. A seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Hermes Dutra, em nome da Bancada do PDS, comentou o significado de uma homenagem, como expressão do sentimento de quem a propõe, dizendo do sentimento de gratidão da Casa e da Cidade pela Sr.ª Lygia Pratini de Moraes. Ressaltou ser a Homenageada como uma semente lançada em solo fértil, que germina, floresce, dá frutos e torna-se útil para o homem. Discorreu acerca do trabalho realizado por S. Sa. à frente da Liga Feminina de Combate ao Câncer. O Ver. Raul Casa, em nome da Bancada do PFL, falou acerca da vida de Lygia Pratini de Moraes, que sempre foi voltada para o bem comum e disse ser impossível pensar na Liga Feminina de Combate ao Câncer sem citar o nome de S.Sa. Declarou, ainda, que a Bancada do PFL presta à Homenageada, através da presente Sessão, honras mais do que merecidas por ela. A Ver.ª Gladis Mantelli, em nome da Bancada do PMDB, destacou que o importante é dar vida aos anos, princípio norteador daquelas pessoas que dedicam-se ao bem comum, à busca de uma sociedade fraternal. Discorreu sobre a forma como a Homenageada faz-se importante para o setor de saúde e sobre o seu trabalho frente à Liga Feminina de Combate ao Câncer, dizendo que ela procura preservar os valores da nobreza e solidariedade que dignificam o ser humano. E a Ver.ª Teresinha Irigaray, como autora da proposição e em nome da Bancada do PDT, salientou que a homenagem que a Casa presta no dia de hoje é uma mescla de carinho, amizade, amor e afeição pela Sra. Lygia Pratini de Moraes. Falou acerca do trabalho que S. Sa. vem realizando, comprometido com os humildes, doentes e necessitados, diuturnamente, sempre em prol da comunidade. Enfatizou a coragem com que a Homenageada desempenha sua missão tão valorosa a nossa Cidade. Em prosseguimento, o Sr. Presidente convidou a Ver.ª Teresinha Irigaray a proceder à entrega do Título Honorífico de Cidadã Emérita, juntamente com um buquê de flores, a Sr.ª Lygia Pratini de Moraes. Ainda, convidou a Ver.ª Gladis Mantelli a proceder à entrega, à Homenageada, do Troféu “Frade de Pedra”. Em continuidade, o Sr. Presidente concedeu a palavra a Sr.ª Lygia Pratini de Moraes, que agradeceu a homenagem prestada pela Casa. A seguir, o Sr. Presidente fez pronunciamento alusivo à solenidade, convidou as autoridades e personalidades presentes a passarem à Sala da Presidência e, nada mais havendo a tratar, levantou os trabalhos às dezoito horas e vinte e oito minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Frederico Barbosa e secretariados pela Ver.ª Gladis Mantelli. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 

 

O SR. PRESIDENTE: Meus senhores e minhas senhoras, a presente Sessão Solene tem por objetivo a entrega do título Honorífico de Cidadã Emérita à Sra. Lygia Pratini de Moraes, título este originado através de solicitação da Vera. Teresinha Irigaray, datado de 29 de julho de 1987, através do Proc. 1630, Projeto de Resolução 22/87, aprovado pelo Plenário desta Casa.

Nesta ocasião os vários segmentos partidários se farão ouvir, através dos Vereadores Hermes Dutra, Raul Casa, Gladis Mantelli e Teresinha Irigaray.

Concedo, inicialmente, a palavra ao Ver. Hermes Dutra, que falará em nome da Bancada do PDS.

 

O SR. HERMES DUTRA: (Menciona os componentes da Mesa.) Minha prezada homenageada Lygia Pratini de Moraes, minhas senhoras e meus senhores.

Diz o Evangelho, numa de suas Parábolas, que, se grãos de sementes forem lançados, alguns caem em terreno pedregoso e não vicejam; outros grãos caem em chão de pouca terra, nascem e fenecem; outros nem conseguem germinar por falta de umidade, por falta de ar, por falta de sol. Mas há grãos que caem em terra fértil, crescem, vicejam, ficam viçosos e deles saem os bons frutos. Esta reunião de hoje é a comprovação da Parábola. Estamos a homenagear a semente que foi lançada em solo fértil, que floriu e que mostrou que neste mundo, esta figura infinitesimal, que é o ser humano, tem alguma coisa a mais a fazer do que nascer, viver e morrer.

Feliz, Da. Lygia, daqueles que, como o seu esposo, como os seus filhos, netos, podem conviver com a senhora. São felizes porque vêem na senhora o exemplo da dedicação, o exemplo do amor, o exemplo que deve ser seguido. Mas mais felizes, ainda, Da. Lygia, são aqueles que conseguem, graças ao trabalho que a senhora faz, encontrar um pouco de paz, um pouco de diminuição na dor e, muitas vezes, uma esperança, um ponto de luz, na treva de uma doença grave. Recordo-me – talvez a senhora nem se lembre, D. Lígia – que uma vez ouvi o Gen. Samuel Alves Correia, que comandou o III Exército, há muitos anos atrás, e por essas coisas da vida que o destino nos oferece, nos encontramos. E, pela primeira vez, tive a felicidade de vê-la. Ele então me disse: “Hermes, estás diante de uma dama da sociedade de Porto Alegre, que não se contenta em ser uma dama da sociedade de Porto Alegre”. É uma verdadeira mulher que exerce o seu papel de esposa, de mãe e exerce, sobretudo, o seu papel de mulher na sociedade porto-alegrense. Guardei isso, porque tenho daquele General gratas lembranças; e, quando a Ver.ª Teresinha Irigaray, nesta tribuna, anunciou que estava apresentando o Projeto de conceder-lhe o título de Cidadã Emérita, voltei um pouco no tempo e me lembrei daquele pequeno contato que tínhamos tido, lá pelo fim da década de 70, e vi que, realmente, o General tinha razão, porque, depois disto, comecei a acompanhar o trabalho que a senhora faz, em todos os setores da sociedade. O amor que a senhora dedica no que faz e, por contingência de ordem política, até uma aproximação com sua família tive, através do seu ilustre filho Marcos Vinícius Pratini de Moraes, nosso ex-Ministro. Por isso, D. Lygia é que hoje me sinto muito gratificado para, em nome do meu Partido, o Partido Democrático Social, em nome dos Vereadores Carlos Rafael Santos, Mano José e deste Vereador, me associar a esta homenagem, que é uma homenagem que a Casa presta e que, talvez, alguns, sem pensar muito, podem imaginar que se trata de mais uma das tantas homenagens que se faz. Mas toda a homenagem que é feita tem dois profundos significados: um é aquela vontade de quem a realiza, de quem a proporciona, de quem a projeta, que foi a da Ver.ª Teresinha Irigaray, querendo lhe fazer justiça pelo trabalho que a Senhora desenvolve. E a outra é o sentimento da Casa, que expressa, não mais a vontade unilateral de um, mas a vontade da cidade de Porto Alegre, aqui representada pelos seus legítimos representantes, eleitos através do voto e que, unanimemente, votaram, concedendo-lhe este título. E por que o fizeram? Apenas para serem agradáveis à Ver.ª Teresinha Irigaray? Não, não havia necessidade disto. É que esta Casa tem uma preocupação muito grande. É muito fácil a História registrar a passagem de um que foi Presidente da República. É muito fácil a História registrar a passagem de um que foi mártir. Mas a História se omite e esquece aqueles que dedicam a vida inteira a uma causa, sem qualquer objetivo de buscar uma láurea sequer, senão aquele prazer íntimo de sentir que está cumprindo com o seu dever. E a Casa do Povo de Porto Alegre, ao votar unanimemente esta homenagem, está exatamente resgatando esta obrigação que tem de dizer à cidade que existe, em Porto Alegre, uma mulher como Lygia Pratini de Moraes, que, a partir de hoje, é Cidadã Emérita, pelo que é, pelo que fez e pelo muito que ainda fará, pois, para quem tem amor no corpo, o tempo é uma barreira que não existe. Nele se produz, hoje, amanhã, depois, enquanto se tiver forças. E, mesmo quando as forças físicas faltarem, certamente a força do amor se sobrepujará e a Senhora vai continuar a prestar os serviços que presta à cidade de Porto Alegre. Não vou me deter, ilustre Cidadã Emérita de nossa cidade, no seu extenso currículo, nas obras das quais a Senhora participou, o que certamente os outros companheiros haverão de fazer, mais quis, exatamente, deixar registrado este aspecto da fertilidade do ser humano, de que a semente, quando lançada em solo fértil, ela brota, cresce e o que é mais importante, devolve para a sociedade muito e muito mais daquilo que a sociedade ali colocou.

Deus queira, Dona Lygia, que o mundo nos possibilite ver mais e mais mulheres como a senhora; para o amanhã, para o depois de amanhã, para que a gente se dê conta de que para ser gente não basta nascer, viver e morrer, mas precisa amar, mas este amor tem de ser expresso de forma concreta para o próximo e esta tem sido sua vida. Por isto nos sentimos muito bem, felizes, em dizer “que rico voto nós demos no dia em que votamos favoravelmente este Projeto."

Que Deus a ilumine, Dona Lygia, e que a senhora continue a ser como sempre foi até hoje. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos, a seguir, a palavra ao Ver. Raul Casa, que falará em nome da Bancada do PFL.

 

O SR. RAUL CASA: (Menciona os componentes da Mesa.) Há ocasiões muito gratificantes em nossa vida de parlamentar, como, por exemplo, a incumbência que recebi da minha Bancada para homenagear quem se faz merecedor da gratidão desta Cidade, na magnífica proposta da ilustre e querida Vereadora, Teresinha Irigaray, que encontrou, neste Plenário, a necessária ressonância para que, em nome da Cidade, se reverenciasse uma ilustre dama, cuja vida engrandece uma obra. O carinho de Dona Lygia, seu esposo, amigo de todos nós, do Dr. Adail, do querido Marcus Vinícius, da nossa querida Vera Beatriz, da Vera Regina e do João, formam uma família que a Cidade enaltece e reverencia. E, como já disse o meu ilustre antecessor, Ver. Hermes Dutra, seria ferir a modéstia de Dona Lygia enumerar tantos e tantos envolvimentos meritórios, sempre voltados para o bem comum, especialmente na dinamização da Liga Feminina de Combate ao Câncer. De sã consciência, ninguém neste Estado consegue falar em Liga Feminina de Combate ao Câncer sem associar ao nome de Lygia Pratini de Moraes. Dona Lygia é, sem dúvida, o exemplo de fé em si e um exemplo de fé na utilidade daquilo que faz. Na verdade, as boas intenções nada valem quando não se transformam em boas ações.

A Bancada do PFL presta a Dona Lygia e seus familiares a homenagem a quem cumpre o fascinante e permanente desafio de tornar o mundo um pouco melhor. Este é o registro de nossa cidade, de quem é arauto a nossa Câmara Municipal. Sua vida tem sido, realmente, um exemplo de amor. Esta tem sido a grande mensagem que nos leva, o amor ao próximo. Sua liderança é natural, seu ensinamento é a sua obra e, para encerrar, D. Lygia, queridos familiares, que como disse, são amigos de todos nós, me vem a mente um pensamento de Rui, que muito vem a calhar na sua obra e na sua atividade. Enquanto houver uma réstia de esperança, não há por que nos desesperarmos da sorte do bem. A injustiça pode se impacientar, a verdade jamais se impacienta, porque é eterna. Quanto praticamos uma boa ação não sabemos se os seus frutos são para hoje ou para quando. A verdade é que eles podem ser tardios, mas são eternos. Alguns plantam a semente da couve, para o alimento do amanhã, outros, plantam a semente do carvalho para o abrigo. Aqueles plantam para si, estes plantam para a felicidade do gênero humano. Lygia Pratini de Moraes planta para a felicidade do gênero humano e para orgulho desta cidade. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, a Ver.ª Gladis Mantelli, que fala em nome de sua Bancada, o PMDB.

 

A SRA. GLADIS MANTELLI: (Menciona os componentes da Mesa.) Minhas senhoras e meus senhores.

O importante não é dar anos à vida, mas vida aos anos. Estes tem sido o princípio norteador daquelas pessoas que acreditam em uma sociedade onde todos os homens se dêem as mãos e, caminhando lado a lado, contam o seu tempo, comungando os ideais da igualdade e da fraternidade. Acreditar nos valores humanos não é para Lygia Pratini de Moraes um sonho impossível, mas, sim, desafios a serem alcançados com trabalho, dedicação e amor. Sim, amor, pois para a construção de uma sociedade justa e fraterna, o amor ao próximo tem que estar acima de quaisquer outras situações.

Projetado o objetivo, restava a esta mulher, escolher a forma, a maneira como ela iria ser agente transformadora da comunidade. Escolheu um caminho árduo. Optou por trabalhar com a saúde e talvez com um dos seus mais sérios problemas: o câncer, uma doença para a qual a Medicina ainda se mostra impotente. Dar assistência gratuita ao enfermo carente, procurar conscientizar a população para a luta contra o câncer, visando especialmente a sua prevenção e auxiliando no equipamento das instituições, tem sido a finalidade da Presidente da Liga Feminina de Combate ao Câncer e de toda a sua equipe num trabalho laborioso e sem igual.

Ao nos depararmos com um enfermo é que sentimos o quanto é necessário ser forte, quando tudo está colocado entre início e fim, entre vida e morte. Mas nossa homenageada, com o otimismo que lhe é peculiar, tem transmitido vida, não importando o futuro, mas que o presente seja digno e eterno em si mesmo.

Receber o título de Cidadã Emérita não quer dizer do nosso reconhecimento de missão cumprida, mas, muito pelo contrário, é apenas um alento para a tua caminhada, que deve servir de exemplo para as gerações vindouras no sentido de que só vale a pena viver se for de forma digna, e a dignidade pressupõe fraternidade e comunhão entre todos na alegria, mas principalmente na dor.

Todos sabemos que a caminhada tem sido difícil e cheia de desencantos, que as preocupações são grandes e que nem sempre o trabalho é devidamente reconhecido, que muitos momentos de lazer e convívio familiar foram sacrificados em nome de um ideal.

Lygia, a história é feita pelos grandes líderes de cada época, porém é escrita pelas pessoas que, como tu, procuram preservar para as futuras gerações aqueles valores perenes de nobreza e solidariedade que dignificam o ser humano e que lhe dão a dimensão da sua verdadeira grandeza.

Segue em frente, Lygia, não desanima nunca. Tua causa é uma nobre causa e por isso merece todo o nosso respeito, admiração e apoio.

Em nome do PMDB (Flávio Coulon, Luiz Braz, Nilton Comin, Clóvis Brum e Caio Lustosa) e em meu nome particular, te saúdo, desejando que tua obra se eternize no coração de todos aqueles a quem já conseguiste comover com o teu trabalho.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, a Ver.ª Teresinha Irigaray, autora da proposição, que falará em nome da Bancada do PDT.

 

A SRA. TERESINHA IRIGARAY: É difícil saudar esta Mesa, toda composta de elementos meus amigos, meus fraternais amigos, mas o protocolo assim o exige. (Menciona os componentes da Mesa.) Senhores, senhoras, familiares de D. Lygia, Srs. da imprensa, Srs. funcionários da Casa.

Toda a homenagem é, realmente, uma mistura de emoções, é uma mistura de avaliação dos valores, uma mistura de sentimentos de carinho, de mérito e de amizade. E, nesta hora, perguntamos, da tribuna: por que homenageamos? Por que fizemos e concedemos este Título, aqui na Câmara Municipal de Porto Alegre? Um Título que, nesta tarde é concedido à D. Lygia e que foi aprovado, por unanimidade, por todo o Plenário, e que divido, também, com meu nobre Ver. Hermes Dutra. Assinamos juntos a proposição. Por que homenageamos? Porque nós queremos destacar e queremos salientar e queremos fazer com que algo, que ainda não tinha sido realmente percebido ou bem valorizado, ocupe o seu verdadeiro e o seu real lugar. E o porquê de um Título? A quem dar esse Título? Qual o seu significado? Qual o seu critério? Existem muitos, existem, como já o Ver. Hermes Dutra, os títulos só por capacidade, só por trabalho, só por amizade, só por carinho e existe aquele título que é uma mescla de tudo isso: é carinho, é amizade, é doação, é amor, é titularidade e hoje nesta tarde, nesta tarde aqui na Câmara Municipal de Porto Alegre, o título, a homenagem não precisam de tradução. Eu nem precisaria dizer. Todos nós sabemos que eles serão concedidos àquela que é para nós a ilustre dama desta Cidade. A esta figura e a este alguém que despretenciosamente se doou, que graciosamente se destacou e se deu a uma missão nobre, a uma dama que se comprometeu com os mais humildes, com os doentes, com os necessitados, alguém que vindo de um meio social elevado, alguém que vindo de um segmento social mais destacado tudo fez para valorizar um trabalho voluntário, necessário, útil, um trabalho que se faz permanentemente, diuturnamente, para a comunidade.

Posso dizer que conheço D. Lygia Pratini de Moraes de muitos e longos anos. Tenho uma amizade pessoal e um carinho tão grande que me brota do coração à boca e que me deixa profundamente emocionada. É um carinho e uma amizade que superam todas as siglas e todas as composições políticas também, a minha amizade com D. Lygia é pessoal, é única e paira acima de qualquer coisa. Eu sei que falo neste momento em nome de uma Bancada a qual eu represento e a qual eu tenho o mandato, que é o PDT; mas acima de tudo eu falo para uma senhora que freqüentava a minha casa e que levava as suas jovens filhas paras as alegres reuniões de uma juventude sem compromisso. Eu falo para uma mulher que sempre trabalhou e se doou. Eu falo para a mãe do meu amigo Marcos, eu falo para a mãe da Thise, eu falo para a mãe da Vera, falo para a mãe do João Alberto, falo para seus 12 netos. Eu conheço seu trabalho, eu acompanho toda a sua imensa e extraordinária missão, o seu extraordinário valor como Presidente da Liga de Combate ao Câncer, um trabalho longo, diuturno, de exaustivas caminhadas por vilas populares, levando a palavra amiga, levando o método e a prevenção de um doença que consideramos maldita e que a medicina ainda, certamente, não encontrou o seu rumo final.

Falar de Dona Lygia, senhores e senhoras, amigos de Dona Lygia é semear palavras de bondade, o seu coração generoso, o seu sorriso fraterno, a sua batalha incansável, a sua doação integral ao seu trabalho, junto com suas voluntárias.

Dona Lygia, mulher frágil, aparência física pequena, frágil mesmo, mas dotada de uma fantástica estrutura, e quem a vê, pequena, franzina, não consegue distinguir a sua vontade de ferro na sua luta desigual contra uma doença e contra, também, e porque não dizer, contra a incompreensão, contra a falta de estímulo, de apoio, de recursos, talvez por omissões públicas, contra a indiferença, e também a luta contra um trabalho que é toda a sua vida.

A Sra. Lygia é uma lutadora. E a Câmara Municipal de Porto Alegre, através da unanimidade de seus representantes, esteve atenta a este trabalho, e está convicta ao homenageá-la nesta tarde, que está fazendo o melhor que poderia fazer para a senhora, distinguir o seu trabalho na comunidade, da qual a senhora luta tanto, precisa tanto, e do qual não está recebendo, verdadeiramente, o apoio que merece. Mas a Casa do Povo de Porto Alegre, sabe que ao conceder este título de homenagem à Lygia Pratini de Moraes estará contribuindo, também, para a história humana e social da cidade de Porto Alegre. E os Anais marcarão a passagem desta tarde, quase noite, de um outono, quase entrada do inverno, quando a cidade de Porto Alegre marcou encontro com a sua dama benemérita, por esta figura frágil que tudo faz pelos humildes, que tudo faz pelos necessitados sem pedir nada a ninguém.

Dona Lygia, Presidente da Liga de Combate ao Câncer, tenho a certeza que neste momento, nesta hora, e nesta noite, a cidade de Porto Alegre estará mais bela, as estrelas vão cintilar melhor, Dona Lygia, ela será a cidade mais valorosa, ela será mais nossa, ela ficará muito mais ensolarada, porque a Senhora vai receber o título, a Senhora que é guerreira, a Senhora que é audaz, a Senhora que é corajosa, e o papel que nós vamos lhe passar às mãos vão conter aquele título que nós vamos lhe dar de coração e com muito carinho à Lygia Pratini de Moraes, Cidadã Emérita de Porto Alegre. E a senhora merece. Eu tenho certeza absoluta que a senhora merece e Porto Alegre merece muito mais ainda. E Porto Alegre se orgulha, Dona Lygia, Porto Alegre em todas as suas Vilas marginais, de Maria da Conceição até a Vila São José, a Vila Vargas, a Caiu do Céu, a São Gabriel, todas as Vilas populares onde a senhora, com a sua equipe, cruzou. As Vilas vão se orgulhar. Mas também vai se orgulhar deste Título esta estrutura de cimento e pedra dos edifícios, do comércio de Porto Alegre, os Museus, a parte artística, de Ipanema até os Navegantes, os Parques e as Praças, todos vão se orgulhar de, nesta hora, nós estarmos concedendo ao seu trabalho, a sua fé e a sua fraternidade com o próximo, aos seus anseios com a comunidade, nós estarmos lhe dando o Título que a senhora bem o merece. Mas, principalmente, nós temos que ter a convicção e a consciência, nós estamos dando este Título, Vereadores e senhoras e senhores aqui presentes, pela abnegação a um trabalho árduo, a um trabalho penoso e a um trabalho sem compensações.

Nessa hora, como já disse o Ver. Hermes Dutra, Deus ilumine o seu caminho e Deus ilumine a sua trajetória, que a guarde sempre, e sempre junto a nós e junto a comunidade. Esta comunidade que lhe respeita. Esta comunidade que, nesta hora, está de joelhos perante o seu trabalho. Esta comunidade que lhe faz esta homenagem. Que a sua mente, Dona Lygia, seja lúcida; que as suas mãos sejam firmes; que o seu coração, Dona Lygia Pratini de Moraes, seja generoso, porque nós estamos concedendo o título de Cidadã Emérita de Porto Alegre a Lygia Pratini de Moraes, reconhecida em todo o Brasil, a Lygia Pratini de Moraes, Cidadã do mundo. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convido a Ver.ª Teresinha Irigaray, autora da proposição, a fazer a entrega à Sra. Lygia Pratini de Moraes do título de Cidadã Emérita e de um buquê de flores.

 

(É feita a entrega do Título e do buquê.) (Palmas.)

 

A Câmara Municipal de Porto Alegre criou o troféu Frade de Pedra, que traduz o apreço da população porto-alegrense a todas as pessoas que, de alguma forma, prestam serviços à comunidade. Historicamente, traduz a hospitalidade rio-grandense, uma vez que é o símbolo da fraternidade e boas vindas.

Convido a Sra. 1ª Secretária da Casa, Ver.ª Gladis Mantelli, para entregar, em nome da Casa, o Troféu Frade de Pedra a nossa Homenageada.

 

(É feita a entrega do troféu.)

 

Com a palavra, a nossa homenageada.

 

A SRA. LYGIA PRATINI DE MORAES: (Menciona os componentes da Mesa.) Minhas senhoras e meus senhores. Quando tu nasceste, todos riam e tu choravas. Vive de maneira que, quando tu morreres, todos chorem e tu sorrias.

Diante do sentimento de responsabilidade maior que esta solenidade me impõe, talvez devesse o meu agradecimento pela generosa manifestação de apreço e de cooperação que a Câmara Municipal de Porto Alegre me traz, neste momento, resumir-se ao “Muito Obrigado” sumário e emocionado, porque diria muito mais, provavelmente, que as palavras que proferirei neste instante.

Serão palavras de reconhecimento, de gratidão, emocionadas palavras de quem se vê alvo de uma demonstração de apreço que mais me responsabiliza e maiores deveres me impõe.

Sei quanto é expressiva esta Câmara, sei quanto significa a homenagem que me trazem e que recebo como um compromisso ainda maior de servir sempre, com dedicação e operosidade, à causa em que estamos – um grupo de pessoas voltadas para centenas, milhares de criaturas que, ou padecem amargos dissabores e aflições pelo que o câncer brutal e impiedoso lhes acarreta, em padecimentos, amarguras – sejam idosos, sejam jovens, sejam pequeninos seres – que o infortúnio agrediu tão cedo.

Engajar-se na luta contra o câncer, assumir o encargo de ir ao encontro dos doentes, seja no dia a dia, diretamente, seja na luta pelo bom funcionamento de todos os setores envolvidos no trabalho hospitalar ou no apoio moral a familiares angustiados, ou ainda nas situações irreversíveis, amargurantes, trabalhar, enfim, para minorar padecimentos de uns, proporcionar a felicidade da cura a outros, assistir, encorajar, convencer, animar e amparar – tudo isso constitui para quantos atuam nessa área um compromisso, um dever e um esforço que tanto acaba encontrando a recompensa abençoada da melhora, da recuperação e da alegria como leva por vezes – e quantas vezes – à amargura dos insucessos.

A Liga Feminina de Combate ao Câncer no Rio Grande do Sul tem hoje uma equipe de exemplar dedicação e proficiência. Mas, quantas etapas a percorrer ainda! Quantas canseiras, quantos esforços, para que mais se amplie a ação benfazeja, mais se motivem comunidades acaso menos conscientizadas e área cada vez mais abrangente possa receber a presença da Liga Feminina de Combate ao Câncer no Estado e motivar mais criaturas para formarem nos escalões que já fazem tanto e com tamanha dedicação, ao longo do nosso Rio Grande do Sul, para levar a palavra de conforto, o conselho animador e a presença dos especialistas a quantos necessitem de atendimento e de amparo, nesse vasto e querido Rio Grande do Sul.

Temos muitas razões para nos orgulharmos do que há de dedicação, carinho, paciência e sensibilidade nas fileiras da Liga Feminina de Combate ao Câncer no Rio Grande do Sul.

Mas é preciso fazer mais.

Há municípios ainda distantes desse atendimento, mas há um salutar intercâmbio dos Núcleos existentes com as comunidades vizinhas, para o apoio justo na hora necessária. Quantos Núcleos da Liga Feminina de Combate ao Câncer atuam de forma dedicada e eficiente junto à comunidades de municípios adjacentes, de localidades em que surgem casos que necessitam de apoio urgente e não o tem, especializado, senão nesta ou naquela cidade mais ou menos próxima!

Há longos anos, vimos elegendo, ano após ano, as “Glamour Girl” dos municípios participantes da Liga dentre os quais é escolhida, através de Júri qualificado, a jovem que deverá desempenhar, durante um ano, a liderança da juventude, para a mobilização da sociedade em geral.

Com o seu idealismo, a sua formação e projeção, formará equipes de jovens que se engajam em campanhas promocionais que ajudam a Liga Feminina de Combate ao Câncer a conseguir recursos para os aplicar de maneira criteriosa na recuperação.

Senhores Vereadores. São muitos os exemplos de colaboração das vereanças municipais para a luta contra o câncer.

Agora mesmo, após 16 anos ininterruptos de trabalho na Presidência da Liga Feminina de Combate ao Câncer, auxiliada pelas queridas e dedicadas companheiras de Diretoria, aqui nos encontramos para receber, com honra e emoção, a distinção que tanto nos enobrece, decorrente da proposição da prezada Vereadora e amiga Teresinha Irigaray e que, generosamente, foi acolhida pelos demais membros desta Casa.

O agradecimento que nos cabe fazer com o mais profundo sentimento de gratidão, se apequena nas simples palavras, porquanto o gesto desta Casa, agiganta a nossa responsabilidade diante da missão que ainda temos a cumprir.

Assim, com o nosso muito obrigado, repetido e emocionado, não só pela distinção que nos foi conferida, mas também pelo grato e honroso convívio que aqui tivemos, deixamos perante esta Egrégia Câmara um apelo, veemente e pleno do mais profundo sentimento humano, para que todas as Câmaras Municipais procurem sempre consignar algo, anualmente, para que o carente atacado de câncer, além do carinho que se faz necessário, tenha, cada vez mais, recursos ao seu alcance para que possa debelar o mal que lhe corrói e voltar, assim, são e saudável ao convívio dos seus familiares e da sociedade. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Minhas Senhoras e meus Senhores, no final desta Sessão a Mesa da Câmara Municipal de Porto Alegre gostaria de agradecer a presença de todos e cumprimentar, publicamente, a inteligente proposição da ilustre Ver.ª Teresinha Irigaray. Quando as Senhoras e os Senhores chegaram a este Plenário, ainda assistiram ao final de uma Sessão Ordinária e normal do dia-a-dia desta Casa, onde, desde as 14h, os anseios, os desejos e as necessidades da população de Porto Alegre se fazem ouvir, através dos pronunciamentos de seus representantes, numa verdadeira caixa de ressonância que é o Plenário desta Casa, representando todos os segmentos sociais, de nossa Cidade. Como segundo ato, este ato solene, que também representa outra parcela do Regimento Interno desta Casa, ou seja, o momento reservado para as homenagens e para os agradecimentos da Cidade a todos aqueles que por ela trabalham, muitas vezes anonimamente. Os 33 Vereadores desta Casa sentem satisfação quando a escolha recai sobre figuras como a de nossa homenageada, Sra. Lygia Pratini de Moraes. Todos nós estamo-nos sentindo, neste final de tarde, com o sentimento do dever cumprido. O trabalho e o debate aqui realizado foi complementado por uma homenagem que é extremamente gratificante, não só para a população de Porto Alegre mas, certamente, para seus representantes.

Em nome da Casa, em nome da Mesa Diretora, quero agradecer a presença dos Senhores, das Senhoras, dos componentes da Mesa, do ilustre ex-Vereador e ex-Prefeito João Antonio Dib, prezado amigo, do prezado companheiro Dr. Mário Bernardino Ramos, Presidente do Diretório Metropolitano do PFL, da Prof.ª Antonieta Barone, também Cidadã desta Cidade, de nossa homenageada, evidentemente, de seu esposo, Dr. Adail Moraes, do Prof. Dr. Marcos Vinícius Pratini de Moraes, seu filho, das filhas, dos parentes, enfim, de todos que aqui estão, que muito honraram a Câmara Municipal desta Cidade.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h28min.)

 

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